A vida social com os pares ocupa uma grande parte do tempo na vida dos adolescentes. É importante que convivam com os seus pares, pois é com eles que farão a validação para a sua identidade e a caminhada para a idade adulta.

Também a escola e as responsabilidades que esta acarreta (ir às aulas, horas de estudo, trabalhos de casa, trabalhos de grupo…) se tornam cada vez mais exigentes e ocupam cada vez mais tempo.

Estudar diariamente passa a ser necessário. As atividades extracurriculares, as redes sociais, o telemóvel, a aparência física, os cuidados com esta, o escolher e decidir a roupa, etc., também ocupam muito tempo na vida de um adolescente.

Como conciliar a vida social com as responsabilidades escolares?

Comecemos por abordar o que os pais devem evitar fazer:

  • proibir ou reduzir muito as saídas;
  • dizer constantemente para ir estudar;
  • usar o poder económico como “ameaça”;
  • estabelecer comparações com “adolescentes perfeitos”.

O efeito obtido é, geralmente, o oposto. Por mais adaptado que seja o adolescente, há sempre uma certa dose de desafio e de crítica à autoridade parental, pelo que as regras, se impostas, convidam à transgressão.

Se o tempo de estudo e as saídas forem negociados, é mais provável que as responsabilidades escolares sejam assumidas.

O uso da comparação com familiares ou amigos é também contraproducente. Estamos a lidar com peritos na comparação social e na argumentação. Facilmente encontrarão inúmeros exemplos extremamente relevantes para ilustrar o seu ponto de vista.

Claro que é possível conciliar tudo se forem feitas cedências e negociações. Respeitar, acreditar e dar votos de confiança aos adolescentes também ajuda na tarefa de equilibrar dever com lazer.

Guia prático para a conciliação

Propomos, assim, que seja elaborado um horário semanal, do qual devem constar as aulas, as horas a dedicar ao estudo, referindo o tempo para cada disciplina, as atividades extracurriculares e os tempos livres. Esses tempos livres são os que dedicará aos amigos, ao eventual namorado/a, à “vida” virtual (redes sociais e afins) e às saídas noturnas.

As horas de sono, entre as 8 e as 9 horas (noturnas, dormir de dia não tem o mesmo efeito), devem ser respeitadas. Os pais devem supervisionar este horário, ajudar a construí-lo, mas deve ser o adolescente o responsável pela elaboração do mesmo, para que se sinta absolutamente implicado no processo e no consequente cumprimento do mesmo.

As saídas, especialmente as noturnas, devem ser negociadas com os pais. Quantas vezes por mês pode sair? A que horas deverá voltar para casa? Isso irá afetar a escola? E o descanso de que o adolescente necessita? Que consequências acarreta o não cumprimento? Todas estas questões devem ser colocadas na mesa e discutidas.

Quando o horário é cumprido: elogiar para motivar o adolescente para a continuação do cumprimento do mesmo. Quando não é cumprido: conversar sobre o assunto, procurar compreender o porquê, arranjar soluções para repor o que não foi feito. Entrar em conflito não vai melhorar nem prevenir futuras situações de incumprimento/irresponsabilidade; enfrentar as consequências, sim.

O horário acima referido deve ser ajustado às necessidades que vão surgindo, deve ser dinâmico, mas os pais devem exigir o seu cumprimento, dado que o mesmo é feito conjuntamente e negociado com o adolescente. Permitir alterá-lo sem justa causa não ajuda nada o jovem, mas, antes, desresponsabiliza-o do cumprimento do mesmo.

As decisões tomadas devem ser confortáveis para todos, mas a última palavra, em caso de conflito, deverá ser dos pais.

A palavra-chave é, sem dúvida, COMUNICAÇÃO.

Ana Rodrigues da Costa, portoeditora.pt

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