Equipamentos multifuncionais, cadeiras confortáveis, robots que ajudam a aprender a programar e realidade virtual que permite que os alunos estejam in loco em locais como o fundo do mar.

O ensino e mais precisamente a sala de aulas é algo que tem permanecido inalterado ao longo dos tempos. Um espaço com mesas e cadeiras dispostas de frente para o professor que “debitava” matéria que os alunos tinham de memorizar e compreender.

Mas isso está a mudar. Hoje a sala de aula está a transformar-se, procurando usar todo um conjunto de ferramentas que os alunos usarão na sua vida profissional. Nomeadamente equipamentos informáticos e tecnologias que permitam ensinar (e aprender) de outra forma.

Robots, software de programação, impressão 3D, realidade virtual e realidade aumentada… hoje os alunos têm à sua disposição todo um conjunto de tecnologias que lhes permite, entre outras coisas, estudar o fundo do mar como se lá estivessem.

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Bem, as várias dezenas de crianças que visitaram a exposição sobre ambientes inovadores de aprendizagem provam que o interesse é genuíno. A exposição – organizada pela Beltrão Coelho nas instalações da escola Secundária D. Filipa de Lencastre entre os dias 23 e 25 de novembro – simulava o que pode vir a ser a sala de aula do futuro.”

Estes equipamentos “vão ser uma excelente ferramenta de apoio na sala de aula”, afirmou Laura Medeiros, diretora do agrupamento de escolas D. Filipa de Lencastre, que realçou a sua importância como ferramenta de ajuda e de aprendizagem e de motivação para aprender.

A professora reconhece que os alunos que estão agora na escola vão, no futuro, provavelmente trabalhar em profissões que ainda não foram inventadas. Pelo que o papel da escola passa por dar-lhes ferramentas “de saber procurar, de saber questionar, saber ir à procura de…”. Procedimentos que “são altamente enriquecedores com estas ferramentas”.

Vivemos numa altura em que a fonte de informação é cada vez mais diversificada. E, por isso mesmo, o papel do professor é cada vez mais importante. Como orientador “de como se deve aprender, como se deve trabalhar, como se deve pensar”, refere Laura Medeiros que acrescenta que a aprendizagem de procedimentos é altamente facilitada e motivadora com toda esta tecnologia.

E a professora sabe bem do que fala, dado que a escola já trabalha com tecnologia, nomeadamente a robótica há cerca de três anos, onde a utilização de robots e da Escola Virtual tem vindo a ser usada para ensinar disciplinas como a matemática.

Sobre isto Filipa Correia, refere que o feedback dado pelos alunos tem sido muito positivo. A professora de matemática, que não só trabalha com os alunos mais pequenos, mas, também com crianças com necessidades especiais mais velhas, refere que, para estes, tem sido particularmente interessante. Isto porque, como explica, é-lhes apelativo porque veem a utilidade destes conhecimentos na sua vida futura, além de que conseguem ver, de imediato, o feito do que estão a trabalhar – algo que é evidente no caso da programação quando associada à robótica. “Veem logo o que o robot faz e quais são as consequências. E isso tem sido muito positivo”.

Há ainda um outro fator positivo para além da aprendizagem. Como aponta Laura Medeiros, os alunos ajudam-se mutuamente. No caso específico da realidade virtual eles “não se atropelam”, dão a vez uns aos outros. E isso é uma lição de cidadania.

Para além do papel orientador e de escolaridade da escola “aumenta o sentido de pertença”, refere Leonor. “A escola também é deles”. Ou seja, além de ter um papel fundamental no que toca à orientação e aprendizagem do aluno, a escola também deve fazer com que o aluno mantenha um papel ativo, interativo e uma aprendizagem bilateral, o que consequentemente se reflete num aumento do “sentido de pertença”.

No entanto a diretora também alerta que toda esta tecnologia só funciona se os professores também aderirem e participarem. O que se tem verificado. “Temos sentido uma enorme adesão”, refere a professora que menciona que tem colegas que questionam quando podem usar os equipamentos.

“É importante continuarmos com o rigor, com a qualidade da aprendizagem” – que não é apenas saber coisas, é saber utilizar, saber estar – mas também é importante que “as ferramentas estruturem um bocadinho o futuro”.

Há já vários anos que a Beltrão Coelha aproveita os conhecimentos que adquire no mundo corporativo para o transpor para o ensino. A prova são os vários equipamentos que estiveram patentes na exposição. Sobre a sua importância, Bruno Coelho, diretor comercial adjunto na Beltrão Coelho, foi taxativo: “Nada como preparar os jovens desde bem cedo para o mercado de trabalho, para o que vão encontrar na realidade”.

O executivo lembrou que “se os alunos aprenderem de uma forma divertida, colaborativa, podendo mexer nas tecnologias que depois vão poder usar no futuro, a informação vai ser muito mais facilmente retida”.

Foi por isso que a empresa, em parceria com a BCN e escolas como a Secundária D. Filipa de Lencastre, desenvolveu um ambiente de sala de aula onde é possível usar as tecnologias para ajudar os alunos nas várias vertentes. “Desde a programação, ao próprio contacto com máquinas industriais, como braços robóticos, à tecnologia de impressão 3D, a realidade aumentada e a realidade virtual, que permite que, de uma forma mais envolvente, entendam o espaço”.

Veja-se o exemplo da realidade virtual. É completamente diferente uma aula sobre o fundo do mar ou sobre um museu em que apenas se dá a teoria (ou quando muito se vê algumas fotografias ou se assiste a um filme) de usar a realidade virtual para estar efetivamente no local. “Isso permite que os alunos tenham uma abrangência muito maior e que o professor consiga apresentar aqueles conteúdos de uma forma mais interessante”, acrescenta.

Tudo isto implica uma mudança de mentalidade. Nos alunos, claro, mas, também nos professores. Sem a adesão destes a tecnologia é colocada a um canto, sem ser utilizada. A pensar nisso a Beltrão Coelho, em conjunto com associações como a ANPRI – Associação Nacional de Professores de Informática, dão formação aos professores, por forma a saber, por exemplo, que conteúdos têm disponíveis. Basicamente para que estes aprendam como aplicar estas tecnologias na” sua disciplina.

É certo que, por enquanto, a maior adesão vem dos centros tecnológicos, em que os professores já estão muito predispostos a usar a tecnologia. Algo que, na opinião de Bruno Coelho, é um bom ponto de partida. “Estamos a começar pelo caminho certo”, afirmou o executivo da Beltrão Coelho, que acredita que, por osmose, a adesão vai-se alargar às outras disciplinas.

Mas de que serve ter um conjunto de tecnologia à disposição se a sala de aula fisicamente não mudar? Foi a pensar nisso que a Beltrão Coelho decidiu, também, apostar em equipamentos multifuncionais e investir na ergonomia. O resultado foi uma cadeira onde qualquer criança consegue estar, confortavelmente, horas e horas sentada – não que isso aconteça porque uma aula dura no máximo uma hora seguida – e mesas que podem ser adaptadas à funcionalidade da aula em causa. Sempre que, por exemplo, seja preciso fazer um trabalho de grupo as mesas e cadeiras podem rapidamente mudar a configuração. Como? Tudo tem rodas.

“Se eu conseguir rapidamente pensar na ergonomia da sala e deixar os alunos confortáveis, vou conseguir uma maior colaboração entre todos e que estejam mais atentos à aula”, explica Bruno Coelho.

Que tecnologias estão a transformar a sala de aula?

Cada equipamento tem uma função específica, sendo que evolui com a idade e necessidade do aluno. No entanto, confessa Bruno Coelho, nos vários eventos que a Beltrão Coelho já realizou o que despertou mais interesse – em miúdos e graúdos – foram os óculos de realidade virtual.

Mas os robots – através dos quais se percebe como se programa – “também chamam muito a atenção”. Um deles, que dança ao som de música escolhida pelos alunos – existe – e está na exposição – porque a empresa pretende mostrar como é que se programa um robot para dançar. No caso específico de uma sala de aula, seja de robótica ou programação, o que interessa, explica Bruno Coelho, é que para o robot fazer aqueles movimentos teve de haver por trás pessoas a programar os vários movimentos, a integração com a música… programação que é trabalhada em sala de aula. Uma espécie de receita que mistura vários ingredientes.

“Daí que seja tão importante que passarem pelas várias fases do entendimento de programação para, no futuro, termos os robots a fazer alguma (outra) função nas nossas empresas”, explica o executivo da Beltrão Coelho que acrescenta que “alguém tem de o programar e nada melhor do que começar com os alunos nas escolas”.

Os equipamentos apresentados foram desenvolvidos segundo a educação STEAM e vão desde o robot Kubo, que tem como objetivo a introdução à programação desde o ensino pré-escolar; os kits SAM Labs, que permitem aos alunos aprenderem a programar de uma forma simples e interativa; os kits de robótica WEEEMAKE, que permitem construir diferentes robots, com recurso a um software de programação gráfica e Pynthon; a DOBOT, que integra equipamentos que vão desde braços robóticos a carros robots programáveis, bem como impressoras 3D versáteis, capazes de levar a cabo impressão em filamentos coloridos, efetuar gravação a lasere entalhe (alto e baixo-relevo).

Há ainda os Class VR, óculos de realidade virtual e realidade aumentada, em que através de simples movimentos de mão ou cabeça os alunos poderão navegar pelos ícones e simular vivências em diferentes locais do mundo ou épocas da história, sendo que existem mais de 900 recursos criados por professores; e os painéis interativos Promethean, que detetam até 20 pontos de toque em simultâneo e permitem tirar notas, circundar e pintar diretamente no ecrã.

Equipamentos que estão a transformar a sala de aula, a forma de aprender e a interação entre professores e alunos.

Fonte: dn.pt

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